Quem Somos
que é a Consulta Popular?
Surgimos em 1997, impulsionados pelos movimentos sociais, especialmente o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
Nos setores populares e movimentos sociais que não perderam o seu horizonte de esperança, iniciou-se um novo processo de retomada do trabalho de base, da formação e das lutas de massas, recusando-se a se adaptar a uma lógica que transformou a política na “arte do possível”. Isso permitiu que não fossem absorvidos pela lógica eleitoral que hegemonizou o pensamento de esquerda e unificou centenas de militantes pela defesa de uma alternativa popular para o Brasil em contraposição ao Neoliberalismo.
A ofensiva neoliberal desencadeada na década de 90 deixou marcas profundas nos projetos revolucionários em todo o mundo. Seu impacto mais duradouro foi no terreno da ideologia e, conseqüentemente na capacidade de acreditar nas revoluções. Diante de uma crise ideológica tão poderosa e de circunstâncias históricas tão desfavoráveis, parecia que só era possível cair na vala da descrença, rebaixando a política, ou no sectarismo. Recusamos essa falsa disjuntiva.
Na Consulta Popular se aglutinaram militantes de movimentos sociais que não aceitavam a lógica da política imposta pela esquerda eleitoral, que gradativamente foi rebaixando seu programa e se contentando com a perspectiva de serem apenas gerentes da máquina administrativa. Em outras palavras, abandonando a perspectiva de lutar pela conquista real do Estado. Militantes que não mais aceitavam uma militância paroquial e medíocre.
Também recusamos uma prática sectária que transforma partidos de esquerda em pequenas seitas que pretendem encaixar a realidade em seus manuais. Com isso, aglutinamos lutadores populares que buscavam retomar os ensinamentos revolucionários acumulados pela classe trabalhadora, mas se recusavam a um pensamento eurocêntrico e formalista em que a humanidade está condenada a ser, no máximo, coadjuvante de sua própria história, definida estritamente pela economia.
Nossa proposta principal é contribuir na construção de um Projeto Popular para o Brasil. Defendemos que o povo brasileiro, deve construir um projeto que organize o uso de sua capacidade criativa e produtiva, tendo em vista atingir um futuro desejado. O Projeto Popular é a força social organizada do povo brasileiro lutando para executar seu programa político de mudanças estruturais na sociedade.
Estudando os autores que pensaram profundamente o Brasil, em cursos que chamamos de “Realidade Brasileira”, aprendemos que a burguesia pela natureza capitalista da formação social e econômica de nosso país se mantém umbilicalmente atada à burguesia internacional e ao projeto político do imperialismo. Portanto, não tem interesse e não pode implementar qualquer medida que atenda aos problemas estruturais que conformam o programa de um Projeto Popular. São projetos distintos e incompatíveis.
Em última instância, o elemento definidor desse conflito será o resultado da luta pelo poder entre estes dois projetos. Como nos ensina Florestan Fernandes, as tarefas da revolução nacional, democrática e popular somente podem ser o resultado da ação dos “de baixo”, dirigida pelo proletariado, que envolve seus aliados estratégicos no enfrentamento “contra a ordem”, na luta pelo poder.
Este não é um dilema apenas do povo brasileiro. A crise econômica em curso, que se mostrará profunda e prolongada, coloca o mundo e especialmente a América Latina num dilema: as políticas macroeconômicas desenvolvimentistas aplicadas atualmente se mostrarão insuficientes pelo fato de que as mesmas ainda estão articuladas com o rentismo financeiro que é parte da crise e absorve boa parte da mais-valia social dos países dependentes. Diante disso, os estados nacionais latino-americanos vão se deparar com o desafio de regulamentar seus sistemas financeiros, controlar os fluxos de capitais e proteger os setores estratégicos da economia. Caso contrário, aplicarão as velhas receitas ortodoxas de ajuste fiscal que penalizam a classe trabalhadora.
Diante do aprofundamento da crise, será tarefa dos lutadores e lutadoras populares construírem forças suficientes para apresentar uma alternativa real de poder através de um projeto de mudanças estruturais na sociedade.
Não somos um agrupamento eleitoral. Isso não significa negar a importância das eleições na política, mas romper com a lógica da centralidade na luta eleitoral, nos coloca outro conjunto de esforços, criatividade, paciência e ousadia centrados no compromisso com a Revolução Brasileira.
Entendemos que o formato de cada organização é determinado pelas condições apontadas pela luta de classes. A organização é uma ferramenta e não existem ferramentas universais senão aquelas que são mais adequadas à tarefa que se pretende realizar. A organização está sempre a serviço de uma determinada linha política. Portanto, a Consulta Popular é um meio, não um fim. O motivo de sua existência não é criar mais uma estrutura de poder, voltada para alimentar uma nova burocracia. Em outras palavras, somos uma ferramenta que somente faz sentido enquanto serve para a luta revolucionária.
Nesse momento, consideramos que existem três tarefas centrais na atual conjuntura. É o que chamamos de nosso tripé que funciona como uma bússola de nossas atividades:
1) a elaboração teórica e formação política dos lutadores/as do Povo, conhecimento da realidade, recuperação do pensamento socialista histórico, formação de consciência social, valores e capacidade teórica de solucionar problemas na medida em que surgem;
2) construir, impulsionar e estimular as lutas de massa, capazes de alterar a correlação de forças, despertar a consciência social em amplos setores e gerar força social; e
3) construir a organicidade dos lutadores do povo, unir os movimentos sociais e lutadores populares em torno dos mesmos objetivos estratégicos e dotá-los de uma unidade de ação.
Nossa organização é voltada para fora. A Consulta Popular, enquanto organização política, só tem sentido como instrumento de luta. Ocupamos a maior parte de nosso tempo e recursos nas atividades que acumulam forças para transformações na sociedade. Uma organização que se fecha em si própria, que se volta para dentro, que não estabelece ou que perde a ligação com o povo, está condenada à morte.
Trabalhamos o exemplo pedagógico ao invés do discurso. Ante a banalização do discurso se retoma a centralidade na ação como exemplo pedagógico. Priorizamos investir na construção política em torno de ações concretas que possibilitem a construção da unidade das forças populares.
A unidade se constrói na ação. Isso também exige a formação de militantes que não são apenas agitadores e propagandistas, mas construtores nos espaços populares.
A política deve consistir na arte de descobrir as potencialidades existentes na situação concreta de hoje para tornar possível amanhã o que no presente parece impossível. Nossa palavra de ordem é preparar-se. Acumular forças para a construção de um Projeto Popular de transformação da sociedade. Construir hoje as condições que tornarão possível a ruptura revolucionária.
Somos a Consulta Popular!
Cordel da consulta popular
1
Peço licença meu povo
Para uma historia contar
Que acompanha nossa vida
E a vontade de mudar
Construindo o instrumento
A consulta popular
2
Nossa historia faz parte
De uma longa caminhada
De vida, alegria e riso
Samba, forró, embolada
Mas, também dor e tristeza
De vida que foi sangrada!
3
Esse sangue derramado
Fez brotar nossa semente
De lutadores e lutadoras
Querendo seguir em frente
Com a história na mão
Olho firme no nascente
4
Se for pra marcar um dia
De quando a gente surgiu
Lembrem a marcha do MST
Que juntou mais de cem mil
Renovando as esperanças
De um projeto pro Brasil
5
E foi lá em itaici
Que fissemos a opção
De organizar um processo
Querendo a refundação
Da esquerda brasileira
Pra fazer transformação
6
Uma marcha organizamos
Para poder consultar
A população brasileira
E os desafios elencar
Essa marcha é conhecida
Como marcha popular
7
E foi esse movimento
Que no Brasil se espalhou
Junto com outros esforços
Um mutirão se formou
Lutando por vida plena
Pra quem sempre trabalhou
8
Foram muitas ações
No Brasil, organizadas
Plebiscistos e marchas
Realidades reveladas
Muita luta e formação
Nessas longas caminhadas
9
Nesse momento bonito
Feito sempre em mutirão
A gente era conhecido
Digo com muita emoção
Como posto que abastece
Renovando a animação
10
Mas, sob o céu de goiania
fizemos uma reflexão
De conferir ao movimento
Uma melhor organização
foi um passo importante
Para nossa construção
11
Estava nascendo o partido
Com a vontade certeira
Para ser de novo tipo
Nessa luta verdadeira
Cuidando com muita estima
Da revolução brasileira
12
Aceitado o desafio
Naquele histórico horário
Nascia o instrumento
De caráter partidário
Para estar com o camponês
E também com o operário
13
Fiel aos anseios do povo
Aqui no Brasil já formado
De índio, de preto e de branco
Nesse solo misturado
É a classe trabalhadora
Que há muito tem lutado
14
Foi lá em minas gerais
A assembléia terceira
Em homenagem a Apolônio
Um lutador de primeira
Que combinamos a estratégia
Da revolução brasileira
15
Pra dar conta da demanda
Trabalhamos feito o cão
Construindo os setores
Finanças e organização
Mulheres e juventude
Sindical e formação
16
“Foi outro passo importante
Para o caminho relembrar
Porque os nossos direitos
Só vem se a gente lutar
E a liberdade querida
“Vamos ter que conquistar”
17
Nesse chão de salvador
Hoje aqui, nesse momento
Saudando a Marighella
Com o maior sentimento
Novamente preparados
Pra seguir em movimento
18
E vamos juntos meu povo
Homem, mulher e menino
Pegar a historia na mão
Pra acabar com o desatino
Fazer a revolução
E cumprir nosso destino!
Marcos FreitasMilitante da Consulta Popular - Paraíba
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